O Encontro PARTÍCULAS se realizará de 9 a 11 de
dezembro de 2013 na Universidade de Brasília (UnB). O prazo para a submissão de
resumos se esgotou em 15 de setembro de 2013 e uma mensagem sobre a aceitação
ou a não aceitação do trabalho será enviada até 30 de setembro. Convidamos os
interessados em participar como ouvintes a realizarem suas inscrições em prazo
a ser divulgado brevemente. Mais informações sobre o evento, envie mensagem ao
endereço particulasunb@gmail.com.
Raras são as descrições de línguas que prescindem da noção de partícula. Mais
raras ainda aquelas que fornecem da categoria uma definição outra que negativa
("aquilo que não coube em nenhuma das classes identificadas até
aqui") ou enumerativa ("os morfemas x, y, z"). As abordagens
mais teoricistas não se saem muito melhor. As partículas têm merecido uma
atenção bem menor de que outra noção problemática, a de clítico. E quando a
mereceram, algumas foram assimiladas à categoria dos clíticos , outras à
subclasses de subclasses de classes mais convencionais de palavras (o 'to' do
infinitivo inglês seria o único componente de uma dessas sub- sub- subclasses).
Resultado: as partículas têm pouca ou nenhuma existência como ente sintático, porém
fenômenos gramaticais continuam sendo estudados, qualquer que seja o
referencial teórico, em termos departículas. Devemos nos perguntar se sua
inconsistência formal e sua heterogeneidade funcional decorrem de uma
propriedade inerente à morfossintaxe em si: ela detém regiões mais ou menos
desprovidas de estrutura (a princípio, o próprio do léxico). Ou se tal situação
é simplesmente fruto da incúria dos linguistas na hora de se deparar com os
dados concretos das línguas particulares. Se esse for o caso, não deixaria de
lembrar o desafio que encarou nos anos setenta E. Keenan acerca do sujeito. É
sabido que aquele celebrado artigo não cumpriu com o que o título prometia,
pois nele simplesmente respondia-se à pergunta: o que os linguistas costumam
chamar de sujeito? Mas não há dúvida de que sua proposta de inventário
racionalizado e classificado deu o rumo para o subsequente inquérito sobre a
motivação funcional e as propriedades formais do sujeito. Transposta às
partículas, a empreitada de Keenan enumeraria 1) traços formais não
definitórios (não exclusivos da categoria) como: acentuado, fonologicamente
leve, relativamente livre, invariável, de classe fechada, com distribuição
sintagmática peculiar (e.g. Wackernagel), e 2) conteúdos funcionais tais como:
estrutura informacional (foco, tópico, definitude, delimitação dos referentes),
arquitetura discursiva (conexões, discurso direto / indireto), polaridade,
modalidade, aspecto, tempo, fonte da informação, atos de fala (asserção,
injunção, exclamação, pergunta, chamada), honorificidade, deixis, classificação
nominal, dependência (caso, subordinação). Até 3) dicas heurísticas: há
partícula quando é árduo dizer se é clítico ou palavra; é difícil identificar
sua função (alemão doch); falta metalinguagem para a forma ou a função; seu
conteúdo depende em alto grau do contexto discursivo; parece advérbio, só que
com significado gramatical.
Se espera do encontro uma reflexão coletiva encaminhada, desde a observação da
multifacetada realidade empírica que encerra a diversidade das línguas, ao
trabalho de inventoriar e sistematizar nosso conhecimento dos aspectos formal e
funcional daquilo que vem sendo chamado de partículas. As contribuições se
firmarão em sistemas gramaticais particulares, ESPECIALMENTE AQUELES EXIBIDOS
POR LÍNGUAS POUCO ESTUDADAS (estas línguas, menos sujeitas ao peso das
tradições de análise, favorecem a renovação dos quadros de observação;
obviamente as partículas precisam disso). Idealmente, as contribuições
almejarão propostas de caracterização das partículas que sejam não só
operacionais no bojo de uma língua individual, mas também generalizáveis
interlinguisticamente. Para tanto, é importante distinguir de entrada entre uma
opção que gera categorias discretas e outra baseada na noção de protótipo. Espera-se
também um esforço de explicitação, aprofundamento e classificação das funções
semânticas e pragmáticas das partículas. Serão bem vindas, outrossim, as
considerações de índole metodológica que tragam à tona as técnicas empregadas
nas fases de observação e descoberta, principalmente durante o trabalho de
campo, e a qualidade dos resultados atingidos por esses meios.
INSCRIÇÃO:
Apresentadores estudantes: R$ 40,00
Apresentadores não estudantes: R$ 100,00
Participantes sem apresentação de trabalho: R$ 20,00Realizar depósito para
Marina Maria Silva Magalhães
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